quinta-feira, 7 de setembro de 2017

VAMOS FALAR DOS BRASILEIROS QUE FIZERAM DIFERENÇA NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL

E porque não começarmos por esta mulher, que viveu além do seu tempo. 
Nise da Silveira, nascida em Maceió-Alagoas em 15/02/1905, falecida no Rio de Janeiro em 30/10/1999,  estudou medicina na Faculdade de Medicina da Bahia, ingressando no curso aos 21 anos, onde foi a única mulher entre 157 homens a se formar em medicina em sua turma, e está entre as primeiras mulheres no Brasil e formar em medicina.
Seu trabalho ganhou destaque após discordar da forma como os pacientes psiquiátricos eram tratados, pelos médicos e enfermeiros na época, quanto ao confinamento e a aplicação de eletrochoque nos pacientes psiquiátricos. Ela entendia que tais procedimentos eram demasiadamente agressivos, e propunha um tratamento mais humanizado.
Por essa sua discordância, foi punida e transferida para a área de Terapia Ocupacional, que na época não tinha o mesmo conceito atual, era menosprezada pelos médicos,  os internos faziam trabalhos como limpeza e manutenção, e isso fez com que ela pensasse em mudar os conceitos de tratamento. Pelo seu antigo interesse pelas artes, introduziu um ateliês de pintura e modelagem com intenção de possibilitar aos doentes reatar os vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, e assim em 1946, fundou naquela instituição a "SEÇÃO DE TERAPÊUTICA OCUPACIONAL", revolucionando a psiquiatria, até então praticada no Brasil.
Nise casou-se com um sanitarista da sua turma e decidiram por não terem filhos para se dedicarem à medicina. Se mudaram para o Rio de Janeiro após a morte de seu pai, por entenderem que lá teriam mais oportunidades, por lá ser a capital Federal. 
Seu marido Mario Magalhães da Silveira, publicava artigos relacionado as relações da pobreza e desigualdade social com a promoção da saúde, e a prevenção de doenças no Brasil.
Nos anos 30, Nise ingressa no Partido Comunista Brasileiro, e foi uma das poucas mulheres a assinar o "Manifestos dos trabalhadores intelectuais ao povo brasileiro. Foi denunciada por uma enfermeira e foi presa no presidio Frei Caneca por 18 meses, onde conheceu Graciliano Ramos, que também estava preso lá nesta época, e se tornou uma das personagens do livro Memórias de um Carcere.

Em 1952, funda o Museu de Imagens do Incosnciente, um centro de estudos e pesquisa e em 1956 a Casa das Palmeiras, primeira clinica brasileira destinada ao tratamento psiquiátrico, em regime de externato, voltada para a reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas, para que estes pudessem se reintegrar à sociedade.

Introduziu a psicologia Junguiana no Brasil, pois teve a oportunidade de trocar mensagens com Carl Gustav Jung, por seu interesse no estudo sobre mandalas, tema recorrente nas pinturas de seus pacientes, posteriormente, estudou por 2 períodos no Instituto Carl Gustav Jung (1957-1958 e 1961-1962). Nesta fase, Jung a estimulou a apresentar uma mostra dos trabalhos de seus pacientes nomeando de "A Arte e a Esquizofrenia", ocupando salas no II Congresso Internacional de Psiquiatria realizado em 1957, em Zurich.
Jung a orientou a estudar mitologia como uma chave para a compreensão dos trabalhos criados pelos internos.
Ao retornar ao Brasil após seu primeiro período de estudos no Instituto Carl Gustav Jung, formou, em sua própria residência, o Grupo de estudos Carl Jung, que presidiu até 1968. Entre outras obras, escreveu o livro, "Jung: vida e obra", publicado pela primeira edição em 1968.
Carlos Pertuis

Nise usou a arte para tratar os problemas graves de saúde mental, ela percebeu que as artes plásticas eram o canal de comunicação de pacientes esquizofrênicos graves, que até então não se comunicavam verbalmente. As obras produzidas por eles davam voz aos conflitos internos que viviam.
museu do inconsciente
Entre outros artistas-pacientes que criaram obras na coleção dessa instituição, podem ser citados Adelina Gomes, Carlos Perutui, Emygdio de Barros e Octavio Inácio.
Este valioso acervo alimentou a escrita de seu livro "Imagens do Inconsciente", além disso, participaram de exposições significativas como a "Mostra Brasil 500 anos"
Entre 1983 e 1985, o cineasta Leon Hiszman realizou o filme Imagens do Inconsciente, trilogia mostrando as obras realizadas pelos internos a partir de um roteiro criado por Nise.

Animais no auxilio do tratamento Psiquiátrico
O auxilio dos animais aos pacientes, também foi introduzido por Nise, através de pesquisas das relações emocionais entre pacientes e animais que costumava chamar de co-terapeutas. Percebeu essa possibilidade de tratamento observando um paciente a quem delegara os cuidados de uma cadela abandonada no hospital, tendo responsabilidade de tratar o animal, como um ponto de referencia afetiva e estável em sua vida, expondo parte deste processo em seu livro "Gatos, A emoção de Lidar", publicado em 1998.

Nise obteve reconhecimento internacional pelo seu trabalho:
Membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé Internationale de Psychopathologie de Expression¨), sediada em Paris;

Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo psiquiátrico por meio das imagens do inconsciente deram origem a diversas exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos, simpósios, publicações e conferências;
Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos em diferentes áreas do conhecimento.
O antigo "Centro Psiquiátrico Nacional" do Rio de Janeiro, recebeu em sua homenagem, o nome de Instituto Municipal Nise da Silveira
"Em 2015, foi incluída na lista das Grandes mulheres que marcaram a história do Rio"
Vejam trailer do Filme Nise - O Coração da Loucura - Trailer Oficial

Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nise_da_Silveira
http://casadaspalmeiras.blogspot.com.br/

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