quinta-feira, 28 de maio de 2020

O Prazer em comer e os transtornos alimentares

É fato que hoje em dia está mais fácil reconhecer quando uma pessoa possui algum distúrbio alimentar, mas apesar desta  facilidade em identificar o problema devido a maior margem de conhecimento sobre o assunto de forma geral, ainda há muita resistência em se admitir o problema, assim como em iniciar o tratamento. 
As questões relacionadas aos distúrbios alimentares mais conhecidos como a Anorexia, que refere-se às pessoas que começam a restringir o consumo de determinados alimentos por acreditarem que são muito calóricos e fazem engordar, criando uma falsa imagem corporal devido ao distúrbio mental criado a partir desta crença, também a Bulimia tem um destaque e atenção entre as pessoas que estudam os transtornos alimentares, pois essa, por sua vez, se divide em dois momentos, no inicio a compulsão exagerada em comer determinado produto e depois, por se sentir culpado, tende a expurgar o que consumiu.

A questão é que comer satisfaz, sacia, gerando uma sensação de prazer imediato, suprindo uma necessidade que muitas pessoas acreditam não conseguir de outra forma. 
Além disso, também podemos destacar que comer é um ato de defesa instintiva e de sobrevivência bem primitiva, podendo ser observado em todos os animais, sendo assim também é percebido como uma forma da pessoa acreditar que sua sobrevivência depende da alimentação, as vezes exagerada, podendo se relacionar com a compulsão alimentar.
A Compulsão Alimentar é tão importante quanto os demais distúrbios, faz parte desta tríade de transtornos alimentares e refere-se ao fato da pessoa comer muito, de forma exagerada, sem nenhuma tentativa de expurgar os alimentos ingeridos, não há culpa percebida imediatamente. Os compulsivos em alimentos são percebidos como pessoas que comem demasiadamente por questões decorrentes de fatores emocionais relacionados ao estresse e a ansiedade. Trata-se de um problema de saúde pública, pois pode desenvolver obesidade em nível grave, podendo levar até ao óbito, assim como os outros  transtornos.


Mas a necessidade de comer compulsivamente pode estar associada a vários aspectos afetivos e emocionais muito mais amplos do que se imagina, não necessariamente ligado aos fatos e acontecimentos imediatos e presentes, mas sim às questões de personalidade desenvolvidos ao longo da vida da pessoa, geralmente justificados como preenchimento de um vazio inexplicável, que deve ser trabalhado em processos de psicoterapia. 
Vale ressaltar que os distúrbios alimentares fazem parte dos transtornos mentais mais estudados e devem ser tratados com acompanhamento multidisciplinar, ou seja, médicos, nutricionistas e psicólogos, devem fazer parte do processo.
Muitos sabem que comer um docinho traz uma sensação de prazer e felicidade. Esta sensação de prazer e felicidade que se estabelece enquanto se come um doce está diretamente ligada à produção de serotonina, uma substancia responsável por melhorar o humor, causando uma sensação de bem estar devido a facilidade de metabolização destas substancias no organismo.
As questões culturais também devem ser observadas, pois muitos destes distúrbios são desenvolvidos a partir de um padrão de beleza ou de fatores ligados a estética e valores pessoais, sendo importante serem identificados no diagnostico, para o tratamento adequado, pois não basta apenas tentar modificar a forma que a pessoa pensa com relação a comida e adequá-la ao padrão por ela desejado, é necessário entender o porque pensam daquela forma e desejam ser diferentes do que são. Muitas vezes a aceitação de si é o caminho mais saudável, claro que sempre respeitando o equilíbrio e a saúde da pessoa.