quarta-feira, 18 de abril de 2018

AFINAL, QUEM MANDA MESMO???

Impor limites, parece ser algo tão difícil para os pais de hoje, que as vezes sinto muitos em desespero ao pensar no assunto. A educação, de berço, como chamavam antigamente é algo primordial, e dizer NÃO, faz parte dessa educação. Mas como fazer isso de forma coerente? De fato não é nada fácil mesmo, mas vou colocar minha experiencia clínica no atendimento de crianças, onde percebo estas questões tão claramente, e muito do que vou escrever aqui as vezes pode parecer obvio e as vezes impressionante. 
Muitas crianças aparecem no consultório com a queixa de seus pais de serem agitadas, agressivas, desobedientes, e eles não conseguem controla-las, e tomam decisão de procurar ajuda quando recebem muitas queixas da escola, e estas os encaminham para terapia. 
Bem, muita vezes parece que o psicólogo tem o poder mágico para "consertar" a criança, mas o papel do psicólogo será de entender os motivos que levam essa criança a ter tal comportamento. E será mesmo possível mudar o comportamento da criança se os pais não mudarem também? E como lidar com isso? De fato, não conseguiremos grandes evoluções se não houver uma participação ATIVA dos pais no processo de mudança, eles também precisam perceber onde está sua responsabilidade no comportamento de seu filho, e trabalhar suas dificuldades que muitas vezes é exatamente de como impor limites aos filhos. É por isso que precisamos atuar em conjunto  no tratamento psicoterápico, ou seja, com as crianças e com os pais participando frequentemente de reuniões com o terapeuta.
É claro que nem todos os casos são iguais, mas aqui estamos falando de alguns distúrbios de comportamento que foram desencadeados por questões educacionais e familiares.
É bem interessante, mas posso afirmar que muitas destas crianças reconhecem que seu comportamento é exacerbado, e pedem para serem contidas, pedem ajuda. Isso mesmo, seu comportamento muitas vezes reflete um pedido de socorro, demonstrado na linguagem que conhecem melhor. Esse pedido de ajuda normalmente não é percebido pelos pais que acabam reforçando cada vez mais tal comportamento, quando cedem aos pedidos dos pequenos.
Mas como lidar com isso?  Bem, se ainda a criança é pequena, fica muito mais fácil para mostrar que algumas coisas podem e outras não podem fazer, e o importante é desde cedo mostrar que quem é o líder ali é você. Mas se for uma criança que faz birra no meio do Shopping ou do parque, como agir? Talvez naquele exato instante o melhor será contê-la rapidamente, afinal quem aguenta não é mesmo? Mas porque chegou a esse ponto? Quem permitiu isso desde o inicio? Faltou autoridade e liderança, ou falta afeto e atenção para esta criança?
A autoridade de pai e de mãe ou do responsável que cuida, e de extrema importância, mas dar a devida atenção afeto e carinho, também. Vale reforçar que ser líder e ter autoridade, não significa ser agressivo, é ser respeitado, você não precisará gritar ou bater para se impor, mas o importante é ser firme e não ceder.
Mas muitos vão dizer: "ah falar é fácil !!!", não, não é fácil, sei bem como é, sou mãe também, e na verdade educar não é uma tarefa nada fácil, por isso temos que dar valor aos professores que tem em sua sala de aula vários pequenos que não são seus filhos e precisam manter um comportamento para que consigam passar informações de aprendizado às crianças.
 
Educar exige criatividade, autoridade, persistência, e determinação, e como cada criança age de um jeito, onde até mesmo os irmãos gêmeos possuem comportamentos diferentes, será necessário estabelecer regras de acordo com a individualidade deles, para uns mais rígidas e para outros nem tanto, o importante é não beneficiar um irmão em detrimento de outro.

1- Limites são para os filhos e não para os pais, mas devemos lembrar que a frase "faça o que digo e não faça o que faço", não é um bom exemplo, portanto lembrem-se que você sempre será o modelo que seu filho irá seguir, e neste caso você deve agir como deseja o que ele aja também, ou seja, dê bons exemplos. As regras devem ser ditadas pelos adultos, e não pelas crianças, mostrem a eles que serão respeitados quando respeitarem o outro também;
2 - Não tenha medo de impor as regras, mesmo para crianças muito pequenas, elas devem ser estabelecidas, porém de forma que elas compreendam sua linguagem, sempre é bom conversar com eles explicando os "porquês" das regras, pois desde muito pequenos, são capazes de entender, por isso será importante dizer o motivo de "não pode determinada coisa", que pode ser para algo bem específico, seja por perigo, seja por ser desrespeitoso, ou por qualquer motivo que de fato faça sentido, dizer não;
Explique estas regras sempre que necessário, mas tome cuidado para não ser cansativo e estimular a criança a desrespeitar-las, embora reforçar os motivos da sua negativa, pode ajuda-los a fixar em sua mente e assim entender e se acostumar com isso mais rapidamente. Os horários, devem ser uma das primeiras regras a ser estabelecida e cumprida, pois desde muito novinhos, deve-se ter horário de comer, de dormir, de ver televisão, de fazer as atividades da escola, etc..., e procure não abrir muitas exceções ás regras impostas;
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3- Manter uma relação de liderança e autoridade, não significa que você não possa demonstrar afeto e carinho ao seu filho, tudo tem hora certa, até para agradar e reforçar o que foi cumprido, manter uma rotina ajuda muito. Muitos pais se impõe de forma exagerada e os filhos acabam tendo medo até de se aproximar deles, e isso não é bom e nem necessário, embora deva manter a postura de liderança e controle da situação, pois no momento certo fará diferença na educação. Lembre-se que quem manda na casa é você, e não eles, seja qual for a idade de seus filhos, é importante que mostre que ali todos devem respeitar a dinâmica que foi estabelecida na casa, inclusive você mesmo, para dar o exemplo;
4 - O senso de justiça sempre deve ser praticado, se você tem mais filhos principalmente, nunca tome partido de um sem escutar o outro, e caso perceba que alguma regra imposta não está boa para aquele momento, e sentir necessidade de mudança, faça isso mas combine o jogo antes e mostre que você esta mudando a regra para ser mais justo com ele, isso trará mais confiança e respeito entre ambos;
5 - As regras estabelecidas devem estar de comum acordo com todos na casa, pai, mãe, avós, tios, etc... Nunca tire a autoridade um do outro, na frente da criança, isso gera confusão na cabeça deles, ou seja quem manda e quem está certo? Além disso acabam por se aproveitar dessa situação, pois rapidamente percebem quem é mais flexível e permissivo, portando combine as regras e determine que sejam cumpridas por todos.
6 - Dê responsabilidades a eles, fazer pequenas tarefas de casa, ajudar com coisas que sejam capazes de fazer pode ser interessante, além deles se sentirem mais importantes e participativos, também vão aprender a cuidar e manter a ordem, inclusive, cuidar de si mesmo, como por exemplo: tomar banho e escovar os dentes sozinhos, guardar seus brinquedos após terminar a brincadeira, arrumar seu quarto e seu material escolar, lavar a louça do café, etc... são algumas atividades possíveis e cada uma deve se adequar a faixa etária da criança, mas cuidado para não exagerar e fazer de seu filho seu empregado.
7 - Dentro de sua casa as regras valem para todos, portanto os amiguinhos e visitas também deverão cumpri-las, principalmente para que ele não perceba que quando tem visitas tudo pode, e na verdade as regras devem se manter em qualquer circunstância, inclusive quando vai dormir na casa da Vovó.
8 - A tecnologia tem sido uma opção para muitos pais que desejam que seus filhos se acalmem, desde muito pequenos os pais colocam o celular para verem desenhos, ouvirem músicas e jogarem, e depois se queixam que eles só ficam no celular, nos jogos e conversando com os amigos pelas redes sociais, mas como você se comporta?  Tome cuidado com isso, as regras devem incluir também que horas podem brincar com os aparelhos eletrônicos, hora da lição é hora da lição, hora de comer é hora de comer, etc...;
9 - A alimentação dos pequenos têm sido grande queixa dos pais, eles não comem comida, só querem bobagem, procure trabalhar o reforço não dê o que gostam caso não comam a comida. As "bobagens", como salgadinhos, balas chocolates e refrigerantes, só em dias e horários apropriados, e bem poucas vezes, lembre-se, quem manda é você. 
E se não comerem a comida o que fazer? Nada, deixem até sentirem fome, não substitua por leite ou outra coisa, isso irá atrapalhar e reforçar que quando não come poderá substituir por outro alimento. Mas pode ter alimentos que de fato não seja agradável ao seu paladar, fique atendo a isso, desde pequenos os bebês já demonstram ter paladar, descubra o que ele gosta, desde que sejam alimentos saudáveis dê preferencia a estes alimentos, e tente ir administrando outros alimentos que gosta mais com os que gosta menos, pode funcionar.
10 - Não desista, se não estiver dando certo, respire, pense o que está errado, converse com outros pais que possuem filho da mesma idade, mas não seja contaminado por falhas das regras alheias, mantenha a sua liderança.
Violência, agressividade e medo são questões que estão muito presentes nos programas de TV, séries, jogos, portanto monitorem o que eles assistem e seus interesses.
Brincar com seus filhos, não vai tirar sua autoridade, muito pelo contrário, fará com que ele entenda que você também pode participar do momento lúdico dele, além disso é uma oportunidade de fazer uma troca, faça o papel de filho e ele o de pai/mãe, mostre a ele como se comporta, isso pode fazê-lo se perceber em você.

Abaixo inclui um vídeo que achei bem pertinente para este assunto.


FONTE:
http://www.semprefamilia.com.br/10-dicas-para-impor-limites-aos-filhos-sem-perder-o-pulso-firme/