sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Observando o que vem sendo discutido nos últimos dias com relação a trama da novela das 21hrs na TV Globo, achei importante esclarecer alguns pontos sobre o inconsciente e porque não deve ser tratado da forma simples como o abordado na TV, devemos ter muito cuidado quando lidamos com as questões da mente.
Nosso aparelho psíquico, é estruturado, de acordo com a psicanálise, dividido em 3 partes que inicialmente eram chamados de inconsciente, pré consciente e consciente, posteriormente esta estrutura foi modificada para a formação de 3 elementos que vou colocar aqui de forma bem simplificada, o chamado ID, EGO e SUPEREGO.
O ID - que é a parte mais inconsciente desta estrutura que trata nossos instintos primários, enquanto o EGO é o que chamamos de seu eu consciente, que equilibra os instintos irracionais e os racionais, já o SUPEREGO é o que chamamos de repressor dos instintos, influenciado pelas regras sociais, crenças, leis e moral.

O ID é formado logo que a criança nasce, por isso as crianças são mais instintivas e impulsivas e se comportam de maneira mais irracional, ou seja tudo que acontece neste período até a formação do Ego e do Superego, vai aparecer de forma mais espontânea e impulsiva, seus desejos e suas necessidades são o principio de tudo.
O Ego é o equilibrador, entre o ID e o Superego, é ele quem vai decidir o que podemos falar, como falar e como devemos agir, está constantemente trabalhando pressionado pelas forças irracionais do ID e pelo Superego que será o repressor dos impulsos do ID. Quando dizemos que alguém disse algo sem pensar, significa que não houve um filtro do EGO antes, e a pessoa fala por impulso.
Muitas pessoas sofrem demasiadamente quando possuem um Superego muito repressor com regras muito pesadas, e seus desejos mais profundos entram em conflito.
O Superego é a última estrutura a ser formada, pois é o que aprendemos através do meio em que vivemos, as regras da sociedade, as leis, a ética e a moral, são o que determinam a formação do SUPEREGO. E assim, cada pessoa desenvolverá o Superego de acordo com suas crenças, cultura e do meio em que vivem, principalmente de sua família. 
Mas são nossos impulsos mais primitivos que representam nossos desejos mais profundos e mais inconscientes.
“O inconsciente é o círculo maior que abrange em si o círculo menor da consciência; tudo o que é consciente tem um estágio prévio inconsciente, enquanto o inconsciente pode permanecer nesse estágio e ainda assim reclamar o valor pleno de uma produção psíquica.” -Sigmund Freud-
Iceberg representando a teoria do inconsciente
A figura acima representa bem nosso estágio de inconsciente, onde tudo que está submerso pertence aos conteúdos desconhecidos, ou seja, não temos como acessá-los sem que consigamos trazer estas informações para a consciência. E como podemos trazer estes conteúdos para a consciência? Bom não é tão simples assim, na verdade não temos necessidade de saber tudo o que está inconsciente, apenas aquilo que por algum motivo esteja causando algum problema. Nem sempre é fácil entender que determinado conteúdo está fazendo determinado mal, e assim somente com a ajuda de um profissional da área da psicologia será possível apoiar a pessoa para que entenda os motivos e as causas de seus desconfortos. 

Há várias abordagens dentro do campo da psicologia para ajudar as pessoas entenderem estas questões, por isso cada pessoa poderá escolher um profissional que se sentir mais a vontade e tiver mais empatia, pois isso fará diferença no tratamento.

Mas há questões bem complicadas onde há um bloqueio total das suas lembranças, por se tratar de um trauma muito importante geralmente carregado de muito sofrimento, o que dificulta o trabalho do psicologo, e por ser de difícil acesso, embora não impossível de ser trabalhado de maneira convencional, talvez necessite de mais tempo de trabalho de análise e psicoterapia sem necessariamente o uso de ferramentas mais específicas.

“O inconsciente de um ser humano pode reagir ao de outro sem passar pelo consciente.”-Sigmund Freud-
Alguns profissionais podem utilizar-se de algumas ferramentes, entre elas a hipinose, mas é  importante ressaltar que este é um recurso que somente um psicologo especializado e apto pode utilizar, ou seja, não é qualquer pessoa e nem qualquer psicologo, que pode praticar a hipnose para acessar conteúdos do inconsciente, pois ao faze-lo de forma direta, nem sempre saberemos a reação da pessoa após ter conhecimento de suas questões, sendo importante prepará-lo antes para este trabalho, e também após para oferecer suporte adequado e assim permitir à pessoa que passou por este processo conviver com estas descobertas, que por um mecanismo de defesa do aparelho psíquico, estavam bloqueados. 


Freud e sua teoria do inconsciente
Freud acreditava que o inconsciente era “uma prisão de segurança máxima” na qual os traumas sofridos na infância ficavam aprisionados, e nisso estaria a raiz das infelicidades humanas.

A hipnose não se trata de algo mágico, é um trabalho que foi utilizado por Freud no inicio de suas descobertas que o ajudou no entendimento e no conhecimento do que sabemos hoje sobre a mente humana e sua psique. De inicio, foi muito importante para que se chegasse a conclusões sobre as doenças psíquicas, porém, foi uma técnica abandonada por ele mesmo após perceber que a cura viria através de associações livres (conforme abordagem psicanalítica), e não pelo acesso direto às informações do inconsciente. Desta forma, o próprio paciente se conscientiza, usando seus recursos sendo ajudado por intervenções feitas pelo psicólogo para isto.
A técnica de hipnose foi também utilizada para outras funções no passado, como uma forma de anestesia para cirurgias, sendo assim é importante avaliar o quanto é arriscado utilizar desta técnica sem total conhecimento do que se está fazendo.

Outros estudiosos da psicologia, trouxeram abordagens que complementaram o trabalho de Freud e suas teorias a respeito da cura das doenças psíquicas e estão disponíveis para serem trabalhadas por psicólogos que se adequarem a que acharem melhor em seu conceito, mas todos sempre dentro do campo da psicologia, que surgiu como uma disciplina científica em 1879, em Leipzig na Alemanha, quando aparece o primeiro Instituto de Psicologia, fundado por Wilhelm Wundt, e no Brasil a profissão foi regulamentada pela lei 4.119 de 27 de agosto de 1962.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

LINGUAGEM
COMO SE DESENVOLVE E A IMPORTÂNCIA NA COMUNICAÇÃO
Vamos falar de linguagem, da importância na comunicação e os problemas de aprendizado causados por distúrbios de linguagem.
Para começar este tema, é importante ter claro que há vários tipos de linguagem e todos são utilizados para fins de comunicação, seja através da forma oral, da escrita, dos  gestos, mimicas ou das expressões corporais.
Enfim são várias formas que os indivíduos utilizam para se comunicar entre si na sociedade.


A linguagem é o que mais diferencia a raça humana das outras espécies conhecidas, pois temos a capacidade de falar, ler, escrever, da forma que hoje conhecemos.
Antes de citarmos cada uma delas, é importante destacar que as alterações da aquisição da linguagem estão entre os mais frequentes transtornos no neurodesenvolvimento infantil, prevalecendo em média cerca de 5% entre a população pré escolar, e podem estar relacionados às questões neuropsicológicas e neuropsiquiátricas, como a hiperatividade, ansiedade e outros transtornos específicos da aprendizagem. 

Sabemos que utilizamos linguagem verbal e não verbal,  para nos comunicar, porém o processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de 4 sistemas independentes: 
  • o fonológico - Percepção e produção dos sons;
  • o Semântico - Palavras e seu significado;
  • o Pragmático- Linguagem em um contexto;
  • o Morfológico ou Gramatical - Regras da sintática das palavras.
Segue as fases do desenvolvimento da linguagem:

IDADE
FORMA DE COMUNICAÇÃO
Nascimento
Choro inarticulado;
 Identificação de sons familiares.
4 meses
Balbucio, sorriso.
7 meses
Balbucio reduplicado (Ex.: “mamama”).
10 meses
Jargão e primeiras palavras;
Contato visual, expresses faciais, vocalizações e gestos.
1 ano
Palavras-frase (usa uma única palavra com a função de uma frase, como por exemplo: Usar a palavra “ága” com a função de “me dê um copo d’água”);
Frases de duas palavras;
Produção do som de algumas consoantes.
2 anos
Vocabulário de 150-200 palavras;
Frases de 2-3 palavras;
Nomeia objetos quando solicitada;
Progresso na aquisição de sons.
3 anos
Produz sentenças gramaticais;
Formula questões;
Vocabulário de 1.000 palavras;
Mantém longos diálogos;
Adquire mais sons de consoantes;
4 anos
Frases complexas;
Adquire novos sons e grupos consonantais (Ex.: ‘cr’á, ‘pl’a, etc.).
(Instituto ABCD, 2013)

Até os 4 anos de idade a criança desensolve sua linguagem oral, conforme tabela acima, após esta idade, elas irão aperfeiçoar e aprender novos tipos de linguagem, como a escrita por exemplo. 

No desenvolvimento da linguagem há uma fase chamada de pré-linguística, onde são vocalizados apenas fonemas sem  
palavras e esta fase pode permanecer até 1 ano de idade, quando inicia-se a fase do desenvolvimento verbal.
A aquisição da linguagem depende da interação de aspectos físicos, cognitivos e emocionais, e a medida em que são amadurecidas as estruturas cerebrais necessárias à produção de sons, discriminação auditiva, controle fonatório e fala, a linguagem será desenvolvida.


Crianças com dificuldades no desenvolvimento da fala, podem estar com algum problema relacionado ao desenvolvimento cognitivo, visual ou auditivo, que deve ser bem avaliado, devendo sempre considerar o desenvolvimento dos sistemas independentes para assim chegar ao diagnostico.  Por exemplo, inicialmente desenvolve-se a palavra falada que esta relacionado ao desenvolvimento fonológico e morfológico e se atribui um significado, nível semântico, algumas patologias podem estar relacionada ao desenvolvimento da região cerebral relacionada a esta função e o tempo de maturação destas funções cerebrais.

DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM NA INFÂNCIA
Até os 3 anos de idade, a criança desenvolve a linguagem e sua estrutura mais complexa,  e será a partir desta fase que poderá se avaliar com segurança se há algum distúrbio de linguagem no seu desenvolvimento. Mas será importante acompanhar, junto ao médico pediatra se o desenvolvimento da criança está de acordo com a tabela acima, caso não esteja um neuropediatra deverá ser indicado. 
Alguns tipos de Afasias são desenvolvidos de acordo com o tipo de dificuldade observado neste período, como dificuldade da fala expressiva, da percepção, da fluência, da narrativa, da compreensão, da repetição e elaboração e da organização das respostas, de acordo com a faixa etária.
Aos 4 anos de idade a criança deverá ser capaz de desenvolver frases completas e responder ao que lhe é perguntado, e qualquer divergência deverá ser observada  para avaliar caracterização de um possível problema no desenvolvimento da linguagem. 


Aspectos afetivos e emocionais também devem ser observados no contexto da linguagem, como por exemplo a entonação, a inflexão, o volume, a ênfase, bem como a expressão facial e a postura corporal, estes últimos fazem parte de um contexto de significado da linguagem não verbal. Esta observação terá a finalidade de avaliar as dificuldades de interação social, e se estas são ou não apropriados para o contexto ou para a ocasião.


A linguagem escrita e a leitura também tem um papel importante no desenvolvimento infantil. 
A dislexia é um distúrbio relacionado a linguagem e pode impactar o aprendizado. Trata-se de uma dificuldade na decomposição fonológica. Embora a compreensão da fala seja intacta, a leitura é geralmente lenta, estas pessoas também tem muita dificuldade em soletrar, em reconhecer rimas, em ler palavras não habituais, mesmo que sigam regras gramaticais da língua.
A leitura e a escrita envolvem habilidades complexas, que vão além da capacidade de reflexão sobre a linguagem no que se refere aos aspectos fonológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos. A atividade funcional de determinadas áreas do cérebro, onde são processados os símbolos gráficos, permitirá à criança reconhecer que há letras e que estas não significam o som da fala, e no caso da escrita, as áreas motoras também são ativadas, além da visual e da auditiva. Então, qualquer problema de leitura e escrita, poderá estar relacionado às questões visuais, auditivas ou motoras do cérebro, além das áreas que representam estas funções.
Portanto, vale ressaltar que há uma combinação de fenômenos, biológicos, ambientais no aprendizado da linguagem escrita, envolvendo a integridade motora, sensório perceptual e sócio-emocional.
O domínio da linguagem e a capacidade de simbolização são princípios importantes no desenvolvimento do aprendizado da leitura e da escrita. 


A comunicação está totalmente relacionada a linguagem, sempre que nos comunicamos significa que queremos passar alguma mensagem com um objetivo específico.  Atualmente, com os meios de comunicação existentes, com as redes sociais, estamos cada vez mais rápidos em nossa comunicação, porém para que nosso objetivo seja alcançado, a cada comunicação deverá existir  pelo menos um emissor e um receptor da mensagem.
Há varias formas de fazer isso, através de gestos, símbolos,  palavras (verbais ou escritas), mimicas, sons, músicas, etc.... Por isso, dependendo de como queremos que o recado chegue a quem desejamos, é importante escolher o meio de comunicação mais eficaz, de acordo com o objetivo a ser atingido.